Um carro preto parou no estacionamento em frente ao Instituto Médico Legal. A Tenente Tul desceu apressadamente do veículo antes de correr em direção ao prédio. Dezenas de jornalistas estavam amontoados na frente da porta, então ela deu a volta por trás do prédio para os evitar, usando o caminho que seu júnior havia sugerido na noite passada.
Mas já era tarde demais, quando ela chegou as duas vans pretas tinham acabado de sair do Instituto Médico Legal. O Inspetor Pichet estava junto com um policial de acompanhamento, e o Tenente Jiu estava parado ao lado para acompanhar o convidado importante.
— O que é isso? Ele levou o corpo? — Todos os olhos se voltaram para ela.
— Khun Siraphop queria levar o corpo do filho de volta para a cerimônia, então a autópsia foi concluída.
— Mas investigação não — Tul argumentou quase imediatamente, mesmo diante de um Inspetor, o chefe do Departamento de Crimes ao qual ela era afiliada.
— A causa exata da morte foi inalação de fumaça tóxica que resultou em falta de oxigênio. E o carro pegou fogo quando a vítima borrifou perfume, tudo se encaixa. Não haverá mais investigação — disse o inspetor em tom decidido, mas Tul soltou um suspiro, balançou a cabeça e se recusou a aceitar essas suposições.
— E por que o falecido dirigiria por dez quilômetros? O Inspetor sabe? Hoje fui verificar as câmeras de segurança de um posto de gasolina próximo ao local e vi que o falecido passou por lá horas antes do acidente, e que voltou a passar por lá momentos antes do acidente acontecer — a policial falou sobre as evidências que havia encontrado naquela manhã. Havia muitos pontos suspeitos para encerrar o caso.
— E o Sr. Wasan teve um comportamento realmente estranho, por que ele entraria em um beco e pararia só para fumar quando ele já era um fumante veterano? Ele podia simplesmente ter aberto a janela e começado a fumar, nem precisava estacionar.
— Pare de falar besteiras, Tenente. Não pense pelos mortos, o que seria melhor ou não fazer. Além disso, as evidências por si só não são o suficiente para provar nada.
— Mas…
O Inspetor Pichet levantou a mão para impedi-la de continuar a falar. — Sua intenção de querer investigar é boa, Tenente, mas não crie mais problemas. Quando os parentes não querem investigar a causa da morte, que direito nós, policiais, temos de interferir?
— De acordo com a lei, se for uma morte anormal, a polícia não deve intervir para investigar?
— Foi um acidente. Já chega, Tenente. Essa noite, escreva um relatório sobre esse caso e o envie para mim. — O policial sênior deu um ultimato. Ele se aproximou, estendeu a mão e tocou o ombro da Tenente. — Feche esse caso. Acredite em mim, Tenente, você não quer ter problemas com o Khun Siraphop, certo?
Uma mão grossa deu dois tapinhas leves em seu ombro antes que o dono se afastasse e partisse, ignorando a pessoa que havia ficado parada para trás, atordoada com a ordem inaceitável. Tul olhou para o chão e cerrou os punhos, sentindo um aperto no peito com o que acabara de ouvir.
Honra e dignidade. Esse era o compromisso que ela havia feito uma vez para servir o povo com retidão. Agora, ela não sabia a quem a polícia deveria servir. Os milionários, as autoridades, os líderes. Todas essas pessoas estavam apontando armas para suas cabeças, esperando que eles se tornassem seus serviçais.
Policiais famintos por dinheiro são nojentos. E policiais covardes são patéticos.
O Tente Jiu esperou até que o Inspetor estivesse fora de vista para dar um passo à frente e se aproximar de sua sênior, que não havia voltado a mexer um músculo desde então. Ele sabia como ela devia estar se sentindo naquele momento, pois sabia que aquilo era o tipo de coisa contra o qual Tul lutava desde que eram cadetes.
Eles tinham sido capazes de superar a rede de conexões que controlava o sistema no qual trabalhavam para chegar aonde estavam, mas o primeiro o caso que ela recebeu tinha sido o de uma pessoa influente no país. Alguém que, nesse mundo, independentemente do seu rosto, tinha o direito de dar a última palavra só porque tinha muito dinheiro.
— P’…
— Eu vou continuar a investigação, você vai me ajudar?
Por eles serem amigos há muitos anos, o Tenente Jiu assentiu sem hesitar. — Se o que você disse for verdade, é realmente suspeito, devemos continuar investigando. Mas sobre a causa da morte, a investigação forense foi realmente concluída, como o Inspetor disse.
— Onde está aquela médica?
— Dra. Ran?
— Sim, me leve até ela — Tul agarrou a manga do júnior e deu um leve puxão para que ele liderasse o caminho.
Da sacada do Instituto Médico Legal, Ran observava os dois Tenentes voltarem para o prédio. No começo, ela pretendia apenas olhar enquanto levavam o corpo para cumprir as cerimônias religiosas, mas assim que as vans partiram a policial que ela havia encontrado antes chegou e caminhou em direção ao Inspetor Chefe do Departamento de Crimes.
Eles pareceram ter uma pequena discussão, e mesmo sem poder ouvir nada, Ran podia adivinhar que era sobre o caso ao qual a Tenente se negava, desde a noite passada, a aceitar como um acidente.
Foi como olhar para si mesma menos de uma hora antes, quando tinha sido ela quem havia enfrentado o Sr. Siraphop. Em seu rosto arrogante, ela havia notado uma falta de compreensão do sistema de justiça falho. Combate corpo a corpo contra pessoas totalmente armadas como pessoas influentes na sociedade, esse era o tipo de coisa que Tul se mostrou disposta a fazer através de sua expressão e olhar quando o Inspetor se afastou.
Não tinha pensado em tomar partido, mas ela mesma havia encontrado pontos suspeitos no caso do senhor Wasan a ponto de pedir para sua amiga dar uma olhada no caso. Mesmo que ela não quisesse se envolver mais com aquela pessoa, quando os resultados dos exames das roupas e dos assentos de couro saíssem, ela ainda poderia ajudar a facilitar a investigação do caso de Tul.
— Você dormiu desde a noite passada?
Uma voz gentil perguntou, assustando a pessoa que estava imersa em seus próprios pensamentos. Ran curvou a cabeça ligeiramente para o Prof. Rakkhit, Diretor Sênior do Instituto Médico Legal, e um dos médicos legistas que trabalhava lá há décadas, sendo considerado por muitos um consultor.
— Eu dormi por um tempo, mestre — Ran respondeu, embora a pessoa em sua frente não parecesse acreditar em suas palavras.
— Não exagere. Espere e veja, vão dizer que seu pai está te usando para fazer hora extra. A mesma coisa serve para Nong Mae — brincou o velho enquanto olhava para a porta do prédio, suspeitando que o coração da Dra. Cheran estivesse focado em algo anteriormente.
— Eu sei.
O Prof. Rakkhit acenou com a cabeça. Seu rosto gentil cheio de sorrisos, o completo oposto do de sua filha.
Capítulo 02 da Capítulo 02 da Degustação – Gotas de Chuva Com Cheiro de Sangue, livro do duo de autoras tailandesas SIXTEENSEVEN. Traduzido e publicado no Brasil pela editora blb.,
Leia o Capítulo Um da Degustação – Gotas de Chuva Com Cheiro de Sangue Aqui
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