Mas no tempo que eu trabalhei no hospital provincial foi ele quem me ajudou com certo incidente. Costumava pensar que Boonlert não me amava muito, mas ver que ele se colocou em perigo e o enfrentou sem medo, apenas para me ver bem, fez eu mudar de ideia. Ele me ama, e eu o amo tanto quanto irmãos podem se amar.
Depois de estacionar o carro, Tan e eu entramos em um grande shopping no coração da cidade e fomos para o compromisso com o Khun Bundit em um restaurante sofisticado. O médico e sua família já estavam sentados esperando. Eu levantei a mão para cumprimentá-lo. O cirurgião tinha por volta dos quarenta anos, usava óculos e tinha uma figura bem proporcionada. Depois, me curvei para a esposa dele, elegantemente vestida com uma saia azul, e cumprimentei o filho do médico, um jovem estudante do ensino médio. A expressão do jovem foi de choque ao levantar a cabeça e ver o Tan, — Professor Tan!
Parece que Tan encontrou seu aluno. O Dr. Bundit e sua esposa imediatamente se viraram para olhar para ele. Ele levantou a mão para cumprimentá-los e disse:
— Olá.
— Professor Tan, o que dá aulas na escola de tutoria, certo? — perguntou a esposa do Dr. Bundit — você é parente do Dr. Bunn, não é?
— Não, sou o namorado dele — respondeu sem hesitar. A reação chocada dos três não me surpreendeu, pois era assim com quase todas as pessoas a quem eu revelava quem era meu cônjuge. É algo com que sempre me sinto desconfortável, e parece que a sociedade ainda vê casais do mesmo sexo como algo chocante demais. Ele puxou uma cadeira para que eu me sentasse e se sentou ao meu lado.
— Entendi… Nares me disse que quando visse o cônjuge de Bunn, eu ficaria surpreso. — Bundit sorriu — E não é só isso, ele também é professor na escola de reforço do meu filho, Pure estuda com ele. É uma história de dupla surpresa.
— Ele é o dono da escola, pai — o jovem sentado à mesa assentiu.
Eu olhei para Pure com admiração. Ele era um jovem bonito que parecia ter crescido em uma família boa e calorosa. Estava bem-vestido e se expressava com clareza. Tan assentiu com um sorriso, — Sim, doutor, eu sou o dono da escola de reforço, mas também dou algumas aulas particulares.
— Ótimo. Um é professor de medicina, o outro é professor de ensino médio. São dificuldades diferentes. — Bundit levantou a mão e chamou o garçom. — Vamos pedir. Bunn e Tan, peçam o que quiserem, não se preocupem.
A atmosfera entre mim e Bundit estava descontraída e divertida. Ele falou comigo sobre o trabalho acadêmico da faculdade e as bolsas de pesquisa. Ele queria que eu fizesse pesquisa com ele em outros assuntos. Eu pensei que essa refeição seria uma refeição normal em um encontro até que ele fez uma pergunta.
— Ultimamente você se deparou com casos de autópsia estranhos, Bunnakit? Fiquei chocado enquanto cortava o bife no prato. Tan também levantou a cabeça para olhar ao autor da pergunta e depois para mim. Coloquei o garfo e a faca no prato e sorri levemente.
— Estranhos como, o que você quer dizer?
— Não sei se é comum de acontecer ou se não é corriqueiro na autópsia, — Bundit levantou a mão, indicando para eu relaxar. — Se não puder contar, tudo bem. Estou apenas falando sobre o seu trabalho; quero saber o que os interessantes médicos legistas encontram.
— Eu vejo isso o tempo todo. — Senti o olhar de Tan me atingir. — Mas se o que eu encontrar não estiver relacionado à morte, eu deixo passar. Mas se a estranheza provavelmente tiver algo a ver com a morte ou comportamento após a morte, eu falo com a polícia.
Bundit assentiu — Deve ser difícil. Como médico legista, você deve se relacionar com pessoas de diferentes departamentos.
— E você? — perguntei de volta. — Já encontrou casos estranhos envolvendo pacientes renais?
Tan imediatamente pegou o cardápio especial da mesa e colocou em minha mão.
— Bunn, esses parecem deliciosos, devíamos pedir juntos?
Tan de repente se transformou em um garoto que queria doces. Eu sabia que ele estava fazendo isso para me impedir de fazer mais perguntas. Bundit riu e levantou a mão para chamar o garçom para fazer o pedido. — Vocês dois são tão fofos juntos.
Olhei para Tan pelo canto do olho. Tan tentou assumir uma expressão inocente. Enquanto sua mão repousava na minha coxa e a apertava firmemente, indicando para eu não incomodar. Suspirei levemente antes de continuar a comer a comida na minha frente. Então a conversa mudou dos casos mais estranhos para meu relacionamento com Tan. Ele explicou que me conheceu quando eu estava trabalhando no hospital provincial e que depois nos casamos informalmente em Nova York.
— Não sei quando a Tailândia será capaz de registrar casamentos homoafetivos, — Tan disse. — Ele é minha alma gêmea. Também quero os mesmos direitos que meu parceiro merece.
Ninguém comentou mais sobre o assunto, o que não me surpreende, porque o Dr. Bundit e sua esposa provavelmente não concordariam muito. Apenas Pure parecia querer discutir o que Tan disse. — Acho que há uma chance. Já existem alguns países na Ásia que fazem isso.
— Eu espero que sim, — Tan respondeu. — Eu sei que é difícil para muitas pessoas pensarem nisso, mas fico feliz que a geração mais jovem esteja apoiando.
Se Tan diz que sou mal, ele também é. É por isso que podemos estar juntos. Tan cresceu muito depois que se afastou de sua família tóxica e deixou completamente sua terra natal para viver comigo em Bangkok. Um rapaz que sempre foi oprimido por seu pai e irmão, Tan agora é independente, autodidata, usando com sucesso seus talentos para construir um império de escolas de reforço. Ele costumava ser alguém que sempre obedecia às ordens dos outros. Agora, Tan se tornou meu melhor amigo, e estou muito orgulhoso dele.
Depois de uma refeição completa e da sobremesa, Tan e eu, juntamente com a família do Dr. Bundit, saímos do restaurante. Aproveitei a oportunidade para me despedir.
— Nos dê outra chance de escrever uma pesquisa juntos, — Dr. Bundit bateu no meu ombro e cumprimentou Tan, e ele e sua família se afastaram. Eu fiquei em pé e olhei para as costas do médico até onde pude ver. Tan envolveu os braços ao meu redor e me puxou para perto dele.
— Eu odeio essa sua expressão, como se algo fosse acontecer. — Tan esfregou meu ombro. — Viemos apenas para comer, agora vamos voltar para a cama e acordar amanhã para trabalhar como de costume, certo?
— Eu queria que realmente não houvesse nada. — Soltei um suspiro alto.
Tan e eu caminhamos de volta ao estacionamento onde o carro estava estacionado. Tan parou de andar e virou-se para me olhar, eu sabia exatamente o que ele queria. Apontei para uma coluna ao longe, — O carro está no A18.
— É bom ter um parceiro com boa memória — Tan disse com uma expressão feliz e caminhou na direção que eu indiquei. Eu balancei a cabeça incrédulo. Eu sou uma pessoa que lembra os detalhes ao meu redor também. Tan aproveitava a oportunidade para não se lembrar de nada.
Enquanto o seguia, senti uma peculiaridade séria. Vi a sombra de uma pessoa parada a cerca de vinte metros de mim e Tan. Ao virar para encarar a figura, ela desapareceu atrás das colunas do estacionamento. Imediatamente puxei o braço de meu marido, — Tan, alguém está nos observando.
— Quem? — Tan se virou e não viu nada além de carros estacionados. Mas o ponto forte de Tan é que, desde que ficamos juntos, ele nunca achou que eu estava mentindo, sempre escolhia acreditar em mim. — Onde você viu, eu vou verificar.
— Ao lado da coluna C10.
Tan ergueu os braços e deixou-me esconder atrás dele. Seus olhos estreitos encaravam ferozmente na direção que eu apontava. Tan é um homem com instintos vigilantes e habilidades de combate, por ter passado por momentos difíceis. O fato dele estar sempre pronto para me proteger me dava grande tranquilidade.
Tan e eu caminhamos até o local onde eu disse que vi um homem parado nos encarando, mas agora ninguém estava lá. Tan olhou ao redor e não encontrou ninguém suspeito. — Nada, vamos voltar. — Ele virou-se, envolveu os braços em volta de mim e me conduziu direto para o carro. Virei a cabeça para olhar a área onde eu tinha certeza de ter visto um homem suspeito. Tenho certeza de que definitivamente não estou delirando.
Capítulo 02 da degustação da novel, “Transplante” da autora tailandesa Sammon.
Leia o capítulo um de Transplante – Degustação Aqui
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