A jovem Tenente queria continuar a discussão, mas foi parada por Jiu, que segurou seu braço para evitar o confronto entre as duas partes que não queriam se acalmar.
— Vamos para casa primeiro, P’. Hoje, ela realmente só pode fazer isso.
Jiu persuadiu. Na verdade, desde que ele começou a trabalhar com a Dra. Ran, ela era fria, quase desumana, então a maioria das pessoas evitava discutir com ela, como Tul estava tentando fazer agora. Jiu não podia negar que sua sênior também havia irritado a Dra. Ran.
— Bank me disse que você teve um problema com a Tenente Tul, o que aconteceu?
Mae perguntou enquanto verificava os resultados do exame de sangue do último caso, que havia sido tão urgente a ponto de chamarem Ran de volta. E olhando para a situação, ela achava que as duas acabariam ficando ali até amanhecer. Embora Ran já tivesse concluído seu trabalho quando a autópsia terminou, ela optou por passar a noite junto com a amiga. Pensando bem, Mae provavelmente era a única pessoa que não fugia da fria Dra. Ran.
— Não quero falar disso. — Ela foi breve e direta, economizando palavras, mas transmitindo seu ponto de vista.
— Você avisou ao professor que não ia para casa? — Mae concordou em mudar de assunto. Ela não queria que a amiga ficasse de mau humor como tinha ficado depois da autópsia, quando brigou com Tul. Agora, Ran estava segurando um travesseiro de pescoço com estampa de hamster, o que era uma imagem completamente contrária à que todos no Instituto Médico Legal tinham dela em seu horário normal.
— Mandei uma mensagem. E você?
— Deixei um bilhete para minha mãe.
— Eu quis dizer, você contou ao Tenente Jiu que o caso dele vai te faz perder uma noite de sono?
— Droga, me diz, por que eu tenho que contar? Não é trabalho? — Ran zombou de Mae ao mencionar o nome do policial alto e não se importou com a resposta dela. Em vez disso, ela escondeu um sorriso sob o travesseiro depois de provocar a amiga sobre seu relacionamento com o Tenente Jiu. Todos podiam ver a maneira como ele olhava para Mae. Ele só seria melhor se não tivesse uma parceira tão chata com ele.
Pensando nela, tudo o que Ran conseguia ver era um rosto arrogante. Uma pessoa que confiava demais em seus próprios instintos, era desbocada e gostava de acusar os outros sem motivo. Ela era o tipo de pessoa que Ran costumava eliminar de sua lista de pessoas com quem ser simpática. Ela só podia rezar para não se encontrarem em casos futuros novamente.
Tul sentiu que sua cabeça tinha encostado no travesseiro por menos de um minuto antes de ser acordada pelo alarme de seu irmão.
— Quer dormir um pouco mais? Eu vi que você chegou lá pelas três da manhã.
Tin perguntou com uma voz suave. Vendo a condição inconveniente de sua irmã, ele se tornou ainda mais solidário. Ela mal tinha aberto os olhos quando se levantou para ficar sentada, apesar do sono.
— Não, espera só um minuto.
— Descansa, vou te acordar de novo daqui a pouco. — O bom irmão expressou sua preocupação de que a irmã mais nova acabaria desmaiando a qualquer momento. Às vezes, ele se sentia secretamente culpado por ter que acordá-la de manhã. Se ela não tivesse pedido para ele fazer isso porque não queria chegar atrasada no trabalho de forma alguma, Tin não teria concordado.
— Tudo bem, eu já estou acordada. — Tul afastou a coberta, se levantou e foi até o banheiro cumprir sua rotina matinal, o cérebro coberto pelo sono de uma noite mal dormida. Ela pensou em quando poderia voltar a dormir, mas se deu conta de que não poderia fazer isso tão cedo por causa do trabalho. Ela só podia esperar desesperadamente por seu dia de folga para poder descansar um pouco.
— Não durma no banheiro!
O som do grito do seu irmão mais velho entrou no banheiro, acordando a pessoa que estava cochilando com uma escova de dentes na boca. Ela enxaguou a boca e lavou o rosto. Nessa manhã, Tul pretendia voltar para a cena do crime do caso da noite passada, pois sentia que tinha algo suspeito desde o começo. E os resultados da autópsia não tinham sido claros, o que fez a Tenente querer ter certeza.
Tul, vestida com um uniforme informal, que consistia em uma camisa branca e a mesma jaqueta jeans da noite passada, saiu do quarto. O aroma de mingau de porco preenchia a cozinha, fazendo seu estômago roncar levemente em protesto. Tin, de avental, quebrava ovos em um copo enquanto sua irmã se sentava à mesa.
— Coma tudo o que conseguir.
Tul olhou para o irmão, que derramava molho preto nos ovos e depois acrescentava um pouco de pimenta, antes de trazer o prato e colocá-lo na frente do seu congee com torresmo de porco frito de dar água na boca. As habilidades culinárias do seu irmão estavam no nível de poder abrir um restaurante, o que não era para menos, pois ele costumava trabalhar como chef em um hotel.
— Como esperado do servo da irmã mais nova fofa. — Depois de falar, Tul deu início a refeição colocando mingau na boca. O mingau estava na temperatura perfeita, mas ainda iria queimar se fosse comido muito rapidamente.
— Come devagar, assopre primeiro.
Avisou o irmão mais velho, vendo a irmã tentando encher a boca. Ele rapidamente encheu um copo de água fria e deu a ela.
— O que aconteceu ontem? Por que você chegou às três da manhã? — Na noite passada, ele achou que a irmã chegaria na hora, mas ela acabou sendo convocada para um caso que a fez ligar avisando que ele não precisava fazer seu jantar.
— Por causa da perícia. Eu tive que esperar horas pelos resultados da autópsia, mas não pude confirmar nada. Foi uma perda de tempo. — Então ela começou a reclamar com seu irmão mais velho até sua boca se esticar como a de um pato. Quanto mais ela pensava sobre isso, mais ressentida ficava. Ela nunca tinha conhecido um médico legista que se recusasse a apoiar o trabalho da polícia daquela forma antes.
— Sério? O que aconteceu com o corpo?
— Ele passou perfume enquanto fumava no carro. Então o fogo o envolveu e ele não conseguiu fugir a tempo. O falecido era filho do Chao Sua Siraphop, dono da Watanomongkol Film. Você o conhece?… isso é uma dor de cabeça. Ontem foi tranquilo porque estava tarde demais para estarmos cercados por jornalistas, mas hoje… acho que não vou conseguir sobreviver. — Terminando de falar, Tul ergueu o copo com ovos batidos e bebeu tudo em dois goles após ver as horas no relógio da parede. A jovem Tenente se levantou, pegou sua bolsa e a colocou no ombro.
— Preciso me apressar. Vou indo, P’Tin, já está tarde.
— Ah… tome cuidado.
Tin acompanhou a irmã, que estava usando seus tênis favoritos, com os olhos, e sorriu para ela quando a menina mal-educada se virou e acenou para ele antes de sair da casa onde apenas os dois irmãos viviam.
Capítulo 01 da Degustação – Gotas de Chuva Com Cheiro de Sangue, livro do duo de autoras tailandesas SIXTEENSEVEN. Traduzido e publicado no Brasil pela editora blb.
Leia o Capítulo Dois da Degustação – Gotas de Chuva Com Cheiro de Sangue Aqui
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