Instituto Médico Legal
A Tenente Tul levantou o braço e olhou para o relógio enquanto caminhava impacientemente em direção à sala de observação de autópsias.
— Quanto tempo até começarmos?
— Não tenho certeza. Na verdade, o instituto já está fechado a esta hora, P’. Fizeram essa exceção porque é um caso urgente. Temos que esperar os outros oficiais que foram chamados voltarem, ou a Dra. Ran teria que realizar a autópsia sozinha.
Dra. Ran isso, Dra. Ran aquilo. Tul ouviu aquele nome e suas sobrancelhas franziram um pouco. Ela lembrou de uma hora atrás quando foi repreendida no meio da cena do crime, e se sentiu ferida de novo. A repreensão com aquele tom de voz calmo foi pior do que se tivessem gritado ou usado palavras sujas contra ela.
Ele mal havia terminado de falar quando passos vindos do corredor chamaram a atenção dos dois Tenentes. Uma jovem mulher se aproximou. Inicialmente, ela não percebeu que havia duas pessoas paradas ali. O jovem alto, que estava apoiado na parede, endireitou-se e ficou tão ereto quanto se estivesse diante de um comandante. Quando a mulher se virou, Tul entendeu o porquê.
Ela era deslumbrante, como um diamante no meio do instituto forense. Cada passo que dava parecia retirado de uma cena em câmera lenta de um filme romântico. Especialmente quando ela se virou para os dois policiais. Tul teve a sensação de que Jiu quase estava segurando a respiração.
— Oh, o Tenente Jiu é a pessoa responsável por esse caso?
— S-sim, te chamaram de volta? — Tenente Jiu gaguejou, o que não combinava nem um pouco com ele. E o que estava acontecendo com os músculos daquele rosto tentando segurar o sorriso? Tul olhou para aquela geração mais nova com um sorriso sem esperanças.
— Sim, Ran me ligou pedindo ajuda porque precisa que eu faça um teste de DNA e…
— Ah… esta é a minha sênior. Ela foi transferida para o Departamento de Crimes recentemente, e se chama P’Tul. — Jiu se apressou em apresentar sua superior à bela oficial forense.
— O que você… Oi, Tenente Tul, você pode me chamar de Mae. — As palavras e expressões íntimas trocadas entre a oficial forense e o Segundo Tenente não passaram despercebidas por Tul. Ela teria que provocá-lo depois do expediente por gostar de alguém com quem trabalhava.
— Claro. Quando vocês vão começar a autópsia?
Mae olhou para o relógio de pulso no momento em que as luzes da sala de autópsia foram ligadas. — …agora mesmo. Vocês podem aguardar na sala de observação. Vou entrar e me preparar primeiro.
Os dois entraram na sala de observação como sugerido pela agente forense, a quem Jiu parecia conhecer bem, embora continuasse olhando para o chão quando se despediu dela. Dentro da sala, uma autópsia estava sendo preparada. O corpo sem vida da vítima, coberto por um pano branco, estava disposto sobre a mesa no centro da sala. Em seguida, a porta do outro lado se abriu. A figura pequena de uma médica legista, que Tul estava vendo pela segunda vez naquele dia, entrou. Através da janela espaçosa, ela deu uma rápida olhada nos Tenentes antes de se virar, sem dizer uma palavra, e continuar seu trabalho como se ninguém estivesse presente.
— Completamente diferente da pessoa de agora há pouco — Tul disse entre dentes. Jiu apenas riu.
— A Dra. Ran é assim, P’. Mas ela é realmente boa.
— Parece que ela passou tanto tempo trabalhando com corpos que não sobrou simpatia para os vivos. — A porta da sala de autópsia se abriu mais uma vez. Um jovem vestido como se estivesse pronto para uma cirurgia entrou na sala. O Tenente Jiu se aproximou do botão do microfone e o pressionou para cumprimentar o recém-chegado.
— Ei, Bank. Atrasado de novo hoje?
O dono do nome assentiu vividamente, exibindo um sorriso mil vezes mais amigável do que o da jovem ao seu lado. Isso fez com que Tul abandonasse a ideia de que as pessoas do Instituto Médico Legal não eram amigáveis, pois somente uma pessoa ali tinha sido hostil com os de fora.
É apenas uma pessoa arrogante. Tul cruzou os braços e encarou a garota sem desviar o olhar. Ela ainda não conseguia acreditar nas palavras de elogio que o mais novo estava jogando sobre ela tão excessivamente.
A vítima tinha tido mais de cinquenta por cento do corpo queimado. Ele foi deitado de costas, apesar do corpo ter começado a se curvar por causa do calor ardente. Apenas a parte do antebraço estava em uma pose semelhante à de um boxeador em guarda e não conseguia ser baixado para se acomodar ao lado do corpo. Se os oficiais tivessem chegado um pouco depois, a autopsia seria ainda mais difícil de se realizar.
— À uma hora e dezessete da manhã, a autópsia teve início.
A médica forense anunciou antes de ficar parada em frente à vítima por um curto período de tempo.
Tul observou os gestos da Dra. Ran enquanto suas mãos delicadas tocavam cuidadosamente o corpo. Seus lábios finos relatavam suas descobertas para o Sr. Bank, o médico assistente, que as anotou no prontuário.
— O cabelo foi completamente queimado. A camada externa da pele foi destruída.
— Pontas dos dedos e unhas foram completamente queimadas.
— As pernas foram menos queimadas. A camada externa da pele está carbonizada.
De acordo com a Dra. Ran e o que ela havia observado, as pernas da vítima tinham sofrido menos danos em comparação com a parte superior do corpo. Ambas as pernas estavam intactas, até que a médica forense encontrou algo incomum no tornozelo direito. Ela o moveu um pouco para que todos pudessem ver.
— Encontrei uma tatuagem de uma nuvem chovendo no tornozelo direito.
— Se uma tatuagem foi descoberta, a identificação do corpo não deve ser difícil. E quanto ao registro do carro, como está progredindo?
— Vamos saber agora. — Jiu mostrou a tela do celular com uma chamada de “ProHack Phu”, antes de atender às pressas para saber das informações urgentes.
— Você conseguiu o registro do carro, Sargento Phu?…Estou apenas perguntando. — Jiu, que tinha um e setenta de altura, olhou para a policial mais velha com um misto de surpresa e choque por aquilo que ele ouviu. — Pode confirmar sobre a tatuagem? Vou enviar a foto. Hm… Envie novamente os detalhes do registro do carro por e-mail, está bem? Ok, obrigado.
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