— Já tirou fotos?
— Sim.
A Tenente Tul estava confusa. A única certeza que tinha era que a mulher diante dela devia ser alguém do departamento de polícia que ela não conhecia. Pensando nisso, decidiu que o Tenente Jiu podia cuidar de apresentá-la ao resto do pessoal, assim ela não ia ficar tão perdida como estava naquele momento.
— A porta do carro já estava aberta assim? — a mulher levantou a cabeça e perguntou com uma voz calma e sem emoção.
Aquilo fez Tul se sentir como uma aluna percebendo que esqueceu o caderno de exercícios depois do professor pedir que o entregassem.
— P’… não é bem isso… é que a Tenente Tul está verificando a cena do crime — a pessoa da equipe Terra respondeu de maneira frenética. Ele estava intimidado pela aura fria da outra pessoa, mas ao mesmo tempo tinha um grande respeito pela Tenente que havia chegado ao local e era a principal encarregada do caso. Ele precisava ser honesto.
— Você deveria considerar a cena primeiro. E se você tivesse feito o corpo se mover abrindo a porta desse jeito?
Seus olhos, severos como os de uma águia, fixaram-se na Tenente ao seu lado. Tul tentou abrir a boca para retrucar, mas nenhuma palavra saiu. O que havia para ser dito quando suas ações poderiam realmente ter alterado a cena?
— De qualquer forma, eu tirei fotos. Isso não deve interferir nas coisas — a pessoa da equipe Terra tentou falar a seu favor, mas a jovem mulher não ligava para aquelas desculpas. Ela pegou algo de sua bolsa. Um cotonete, Tul percebeu, e o enfiou na narina do corpo.
— O que ela está fazendo?
Tul respondeu que a ponta do cotonete, que havia sido enfiada na narina do corpo, estava cheia de fuligem misturada ao sangue. A amostra foi cuidadosamente armazenada em um tubo semelhante aos usados em laboratório.
— A causa da morte pode ter sido devido à inalação de uma grande quantidade de fumaça, que ocorreu porque a chuva espalhou o fogo para as pernas. Você tirou uma foto disso?
— Um momento — o oficial forense saiu para procurar a câmera que não estava com ele, deixando Tul sozinha com a mulher metida a chefe que já havia lhe apontado uma centena de coisas desde que chegou.
— Você disse que ele morreu por causa da fumaça, o que mostra que tinha muito tempo para ele fugir, não é?
— Na prática, seria complicado. A origem do fogo foi um cigarro e perfume. Pode ser que a explosão tenha ocorrido momentos antes de o fogo tomar conta do carro, o que teria impossibilitado que ele escapasse a tempo.
A mulher de antes falou confiante e eloquentemente, antes de se endireitar e voltar a sua altura normal, que parecia ser a mesma de Tul. Ela começou a fazer perguntas tão de perto que Tul podia enxergar as pequenas sardas em seu nariz e bochechas. Seu cabelo era curto, chegando aos ombros, e apresentava cachos castanho-escuros, da mesma tonalidade de seus olhos brilhantes, que refletiam a seriedade de suas palavras. Seu rosto era tão pálido quanto o de uma criança e não revelava nenhuma emoção, mas também tinha um certo ar de mistério. A aura da pessoa à sua frente manteve a jovem Tenente imóvel…
Antes que pudesse dizer alguma coisa, a mulher se aproximou e o distintivo que estava pendurado ao redor do seu pescoço foi puxado para ser lido. — Tenente Policial Tul Techakomol, Central de Investigações, Departamento de Crimes.
A dona do nome quase parou de respirar. Aquele par de olhos se ergueu para encontrar os seus.
— Não é preciso esperar que isso se torne um caso de polícia, mas acredito que você já deve saber disso. Algo assim estava nos livros de ciência quando eu estava no ensino fundamental — provocou, virando-se e saindo, deixando Tul imóvel como se seus pés estivessem pregados ao chão.
— Você!
Tul partiu furiosa atrás da mulher que havia saído para falar com outros oficiais. Porém, antes que pudesse se meter em qualquer problema, o Tenente Jiu, que tinha acabado de chegar, correu para bloquear seu caminho, sem nem mesmo saber o que tinha acontecido. Por que sua superior estava tão irritada?
— Espera… Pare! Para onde você está indo, P’? Se acalme primeiro.
— Quem é aquela mulher?! — Tul queria empurrar o júnior para fora de seu caminho mesmo com ele sendo vários centímetros mais alto que ela.
— Que mulher?
— Aquela que está falando com o pessoal da equipe Terra!
Jiu se virou e olhou ao redor com uma expressão irritada, mas logo encontrou a razão pela qual a jovem oficial de investigação deveria estar tão zangada. — você encontrou a Dra. Ran?
— Quem?
— A médica do Instituto Médico Legal, de quem te falei. A Dra. Ran é quem sempre realiza as autópsias para a gente. Ela pode parecer um tanto malvada, mas quando se trata de talento, é realmente difícil encontrar alguém como ela. Nem acredito que ela é só um ano mais velha do que eu. — Jiu até fez um sinal positivo com um polegar para confirmar suas famosas habilidades, caso Tul tivesse dificuldade em acreditar. Não importava quão competente aquela mulher fosse em seu trabalho, com um temperamento tão difícil, Tul não tinha vontade de ficar cara a cara com ela.
— Qual o nome dela?
Seus olhos ainda estavam fixos na mulher de terno creme, que chegava até os joelhos. Sua expressão não revelava calor nem frieza, embora tivessem acabado de conversar. Quanto mais Tul a olhava, mais insatisfeita ficava.
— Dra. Ran, P’. Você provavelmente já ouviu falar do pai dela, ele também trabalha no Instituto Médico Legal. Você deve reconhecê-la pelo nome completo, Cheran Chantanasathien.
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