Quatro anos depois, eu descobri que ela estava me traindo. O desgraçado era um de seus colegas de sala. E foi por isso que nosso relacionamento acabou.
“— Por que você fez isso comigo, Fern?”
Se eu pudesse voltar no tempo… não teria feito essa pergunta a ela.
“— Me desculpe, eu não tive a intenção.”
Fiquei me perguntando se era possível trair alguém sem ter a intenção. Como é? Como as pessoas conseguem lidar com isso?
“— E agora, o que a gente faz, Fern?”
Na verdade, eu quis perguntar o que fazer com o nosso relacionamento, porque eu estava pagando metade do apartamento onde ela ficava, mas só dormia lá ocasionalmente, pois era longe da estação. Eu deixava o trabalho às nove da noite e começava de novo bem cedo pela manhã, então era bem complicado ficar com ela todas as noites e ter que voltar para o trabalho.
“— Eu… Me perdoe, eu não tive a intenção.”
Ela não estava respondendo a minha pergunta. Eu queria saber o que fazer a seguir, não um pedido de desculpas.
“— Chega de desculpas, Fern, você já disse isso. Eu quero saber o que você quer fazer daqui para frente.”
“— Você está me deixando decidir, Mork?” — ela perguntou e eu assenti. — “Eu posso escolher ele?”
E essa foi a escolha que ela fez.
Eu assenti de novo.
Deixei a chave do apartamento lá.
E fui embora sem olhar para trás.
Quero dizer, deixei o apartamento e o antigo relacionamento entre mim e Fern. Nós começamos nossas vidas em Bangkok juntos, mas dali em diante eu só tinha a mim mesmo na cidade grande. A próxima coisa que tive que considerar foi o que fazer da minha vida. Já que ela já tinha feito sua escolha, eu precisava escolher meu caminho também.
Fern foi a razão pela qual me mudei para Bangkok, mas esse motivo havia me abandonado. Eu devia voltar para casa, em Chumphon? Eu tinha algumas economias que deviam ser o suficiente para eu fazer um investimento caso quisesse me tornar um comerciante…
Porém, ao mesmo tempo, eu me sentia relutante em desistir da oportunidade de um emprego em Bangkok. Ser mototaxista podia ser cansativo, mas me fazia ganhar uma quantia decente de dinheiro. Não foi fácil conseguir a vaga na estação, também. Além do mais, se continuasse em Bangkok eu poderia ganhar o suficiente para ajudar os meus pais em casa.
Naquele momento eu não conseguia me decidir.
Mas eu sabia que tinha que ir para casa primeiro, não importava o que houvesse.
Quando seu coração perde o rumo, você deve pelo menos levar seu corpo de volta para onde ele se sente em casa.
— Apenas fique por aqui, criança.
Meu Loong decidiu por mim quando terminei de explicar a ele toda a história. Eu não planejava contar para ninguém, mas minha cara emburrada deve ter ficado tão óbvia que ele me puxou de lado para uma conversa. Com uma lata de cerveja para cada um e uma porção de yum que o meu Ar fez para a gente, contei aos dois o que aconteceu naquele dia. Não chorei ao recontar minha história, embora uma parte de mim pensasse que eu poderia me sentir melhor se assim tivesse feito. Foi estranho. Não importa o quanto eu tentasse forçar, nenhuma lágrima caía.
— Eu posso? — perguntei.
— Claro que sim. Aqui somos só eu e ele, não temos crianças. Você continua aqui como mototaxista. Minha casa tem bastante espaço, de qualquer maneira. Só nos ajude quando puder no seu tempo livre com a oficina, ou, quando quiser parar com o mototáxi, talvez você possa trabalhar aqui.
Fiquei em silêncio. O que ele disse me pareceu bom, mas…
— O que você vai fazer se voltar para casa, hein? — Ar perguntou.
— Ainda não sei. Talvez eu me torne um comerciante. Tenho algumas economias.
— Você já pensou em continuar seus estudos?
— Eu os larguei quando cheguei em Bangkok. Já se passaram quatro anos, se voltar vou ter que estudar com uma galera mais nova.
— Eu não perguntei quantos anos se passaram desde que você largou os estudos ou como se sentiria estudando com pessoas mais novas. Quero saber se já considerou essa possibilidade. Você quer voltar a estudar?
Permaneci calado. Oh, certo, é verdade…
Nos últimos quatro anos eu só havia pensado sobre Fern e eu.
Nunca pensei apenas em mim mesmo. Nem por um minuto.
— Talvez, não tenho certeza. Não consigo pensar direito. Minha cabeça está confusa.
Tomei mais um gole da minha cerveja.
— Se você não consegue pensar direito, não tome nenhuma decisão ainda.
Ar me deu um tapa pesado no ombro.
— Vá tomar um banho. Ou você quer comer mais alguma coisa? Devo requentar um pouco do ensopado doce picante?
Sacudi minha cabeça. A porção de yum de sardinha enlatada que eu tinha comido e o calor que senti no meu coração quando contei a eles minha história fizeram eu me sentir suficientemente cheio.
Levantei e deixei o balcão para me despir e me preparar para tomar banho. Envolvi um Pha Khao Ma na cintura e uma toalha pequena sobre meus ombros. Durante o processo, passei por uma mesa em meu quarto. Em cima dela havia uma foto minha junto com Fern.
Abaixei o retrato contra a mesa.
Eu precisava arrumar outra foto para substituir essa.
Talvez uma que tirei com a minha mãe… ou com meus tios.
Eu não estava certo se isso foi porque eu estava cheio, ou porque estava um pouco bêbado por causa da cerveja, ou porque choveu e o tempo estava legal, mas dormi a noite toda. Totalmente o contrário do que um homem de coração partido faria.
Só fui acordar pela manhã, depois do meu despertador tocar três vezes. Acordei tarde e comecei a entrar em pânico. Tomei banho rapidamente, me joguei dentro das roupas e do capacete e deixei minha casa para ir trabalhar. Por sorte, não cheguei atrasado, mas bem a tempo de bater o ponto junto com o chefe.
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