Ele estava sendo puxado através de um corredor comprido e cheio de portas. O ar parecia petrificar ao chegar em seus pulmões e sua voz havia desaparecido, tamanho o horror. Quando aquela pessoa o empurrou para dentro do quarto ele entendeu que iria morrer. Entendeu o que havia acontecido com seus pais. O pequeno Tay só conseguiu gritar ao se deparar com a forma sombria diante dele.
E agora, deitado na cama do apartamento vinte e dois, Tay chorava e soluçava. Suas mãos de dedos longos estavam fechadas em punhos, produzindo faíscas brilhantes e azuis. Foi quando ele abriu os olhos como se estivesse emergindo das águas do mar, ofegante. Os lençóis estavam chamuscados em alguns pontos e seu peito doía. Ele se desvencilhou dos lençóis e saltou da cama.
Tay encolheu-se no chão frio do quarto e abraçou os próprios joelhos enquanto esperava o coração se acalmar e as mãos pararem de tremer. Aqueles pesadelos não iam embora nem com uso de magia ou poções. Eles surgiam toda noite para atormentá-lo e deixá-lo em choque.
Após 10 minutos sentado ali, sentindo a brisa fria da noite que entrava pela janela secar seu suor, ele se levantou e foi até a cozinha para beber água, mas se arrependeu assim que chegou lá. Phan estava sentado no balcão bebendo água. Tay viu que seu rosto estava manchado. “Ele estava chorando… assim como eu”, pensou, resignado.
Tay parou. Ele não sabia por que seu corpo estava reagindo daquela forma. Talvez fosse o susto do pesadelo. Ele passou pelo outro e abriu a geladeira.
— Você também está com problemas para dormir? — Phan indagou, cortando o silêncio perfeito. — Ei, fiz uma pergunta a você.
— Isso não te interessa, normal.
— Sabia que tenho um nome? É Phan, foi dado a mim em homenagem ao meu tio Phantan Kyn, que morreu muitos anos atrás, salvando minha mãe quando ela era criança.
Tay sentiu sua mão tremer e fechou a porta da geladeira com uma força exagerada. Ele sabia bem o peso da palavra salvação. Ela definia o seu passado, presente e futuro e o ajudou a torná-lo o que era hoje: alguém com sorte, mas fragmentado, como um conjunto de cacos de vidro, belos e afiados, que atraíam todos, mas machucavam quem se aproximasse demais.
— Pouco me importa de onde veio a droga do seu nome! Pouco me importa a merda que seu tio fez! Pare de agir como se fosse meu amigo!
— Por que você é tão idiota? — Phan pulou do balcão e o encarou.
Tay percebeu o quão baixo ele era, mas o queixo erguido e o olhar determinado pareciam fazer ele ganhar alguns centímetros.
— Eu estou deixando você ficar aqui porque…
— O contrato dizia claramente que eu também sou dono deste apartamento, então acho melhor calar essa boca — Tay disse e passou por Phan, mas logo ouviu os passos do normal atrás de si.
— Por favor, pare de ser assim. Podemos ser ao menos respeitosos um com o outro?
Tay sentiu a mão do outro em seu ombro e desviou dela como se Phan fosse um animal feroz.
— Não toque em mim, normal! — E fechou a porta do quarto atrás de si, ofegante.
Degustação – Laços de Sangue, capítulo dois livro do autor Cearense, David Franklin, que está sendo publicado pela editora blb.
Leia o capítulo Um da Degustação – Laços de Sangue Aqui
-
Produto em promoçãoLaços de Magia – David FranklinOriginal price was: R$ 47,99.R$ 42,99Current price is: R$ 42,99.
-
Ebook – Laços de Sangue – Por David FranklinR$ 18,00
-
Produto em promoçãoLaços de Sangue – David FranklinOriginal price was: R$ 45,99.R$ 42,99Current price is: R$ 42,99.
Sem comentários! Seja o primeiro.