Degustação – Laços de Sangue
Capítulo 2
Início de uma guerra
Se Phan acreditou que Tay poderia ser ao menos um pouquinho bom, ele descobriu na primeira semana que estava terrivelmente enganado. Tay era como um furacão descontrolado e logo o apartamento vinte e dois estava um caos de roupas jogadas para todo lado, rock alto às 7 da manhã e uma legião de vizinhos irritados.
— Por favor, controle o seu colega, ele é um inferno! — gritava Diego Medeiros, o vizinho à esquerda deles. — Não consigo nem ouvir meus próprios pensamentos! — E bateu a porta do próprio apartamento com força.
Phan suspirou, cansado. A semana estava sufocante com as aulas na faculdade um pouco difíceis logo de início e toda essa confusão em casa, mas pelo menos ele havia feito dois amigos logo no primeiro dia na fila de inscrição para cursos extras.
Cassandra Prime, uma garota baixinha de cabelos negros, puxou-o pela manga de sua camiseta e bombardeou-o com perguntas, logo virando-se para Mew Earth e fazendo o mesmo com ele, e eles não sabiam como, mas logo se encontraram no almoço e sentaram-se juntos. Mew era alto, magro e tinha cabelos negros oleosos e olhos castanho-claros, quase dourados, que deixavam todo mundo babando por sua pessoa.
— Descarte ele no lixão mais próximo — Mew aconselhou Phan um dia, quando este se queixara de seu colega de quarto.
— Uma pessoa tão arrogante assim deveria morar sozinha — Cassandra disse enquanto comia um generoso pedaço de torta. — Você já pensou em conversar com ele? Veja só suas olheiras, isso não vai te fazer bem.
Phan até tentou conversar, mas estava difícil. Tay saía um pouco mais cedo que ele, saía correndo, se acordasse tarde, se trancava no próprio quarto quando chegava e não abria a porta a menos que quisesse.
E também havia um motivo para Phan não forçar uma conversa: o olhar de nojo que Tay direcionava a ele. Era um olhar tão intenso que fazia Phan se sentir mal, então ele procurava nunca ficar no caminho do outro.
Mas uma guerra foi declarada dentro do apartamento na quarta-feira seguinte.
Phan chegou da faculdade mais tarde, já que estava fazendo um trabalho particularmente difícil que exigia pesquisas infinitas em livros da biblioteca da faculdade, pois o conteúdo na internet era escasso (o que parecia proposital). Assim que abriu a porta do apartamento ele estacou no lugar por causa da cena em sua frente: Tay aos beijos com uma garota de compridos cabelos rosas que usava um vestido preto curto demais e um espartilho vinho por cima. Phan ficou tão em choque que não soube o que dizer. Ficou ali, com a boca abrindo e fechando. A garota estava passando a mão pela barriga de Tay, descendo até o cinto.
— Tay! — Phan não conseguiu se conter.
A garota parou o que estava fazendo naquele momento e sorriu, exibindo presas estranhamente afiadas, como agulhas. Tay também sorriu, estreitando os olhos com uma frieza cruel. A garota era a mais pálida que Phan já havia visto na vida e estava com lentes de contato vermelhas.
— Olá. Elisabeth, esse é meu colega de quarto. Agora entende o que eu digo?
A garota se afastou de Tay e caminhou até Phan, analisando-o de cima a baixo.
— Pelos mil anjos do inferno, Tay, ele é um normal!
Tay crispou os lábios com evidente nojo e Phan ficaria constrangido com isso caso não estivesse com raiva correndo por suas veias. Ele só queria gritar com Tay, colocá-lo para fora dali e ter seu apartamento para si novamente.
— Por favor, saia daqui — Phan pediu em um sussurro quase ameaçador. A garota piscou confusa e ele repetiu: — Por favor, saia daqui.
A garota voltou-se para Tay.
— Melhor eu ir andando, estou morrendo de fome e seu amigo aqui é uma delícia. Nos vemos amanhã no treinamento, querido. — E então Elisabeth saiu, com suas botas pesadas fazendo barulho no piso de madeira.
Phan fitou Tay com tanto ódio que sua visão ficou embaçada e seu coração parecia prestes a explodir.
— O que está olhando, normal? Qual é o seu problema?
— Quer saber o meu problema? Pois bem, eu vou dizer o meu problema… Meu problema é você! — Tay o encarou com a boca meio aberta, como se não soubesse o que dizer. — Você é o meu problema! Você bagunçou o meu apartamento, eu não consigo estudar graças à sua porcaria de barulho e os vizinhos me odeiam! Você só sabe estragar as coisas? Eu estou tentando muito ser legal, mas você está fazendo de tudo para me transformar em um lixo. Se você acha que com isso vai me fazer sair deste apartamento, está enganado! Você quer guerra? Então terá guerra.
Tay balançou a cabeça lentamente e cruzou os braços tatuados.
— Você acha mesmo que eu me importo com você? Esse apartamento é tão meu quanto seu. — Ele caminhou lentamente para o seu quarto, apenas para deixar Phan com mais raiva. — E você deveria ser mais educado com as visitas. — E bateu a porta.
Tay se jogou em sua cama e olhou para o teto impecável. Ele não tinha muita convivência com normais e não sabia como eles reagiam às coisas, mas nunca pensou que fosse ver um com tanta fúria dentro de si como Phan estava na sala.
Sabia que se levasse Elisabeth para casa o seu colega ficaria extremamente irritado, mas furioso? Isso era novo, e ele não sabia bem como reagir a isso. Ninguém nunca havia gritado com ele daquela forma. Ele deveria ter gritado de volta, mas não sabia o que lhe deu, simplesmente não fez.
Por outro lado, ele também sabia que havia feito algo terrivelmente errado que Phan nem reparou. Ele levou uma vampira para a sua casa, onde havia um normal com sangue fresco. Tay sabia que se a Tríade, o governo do mundo Arcanos, soubesse de algo assim, ele poderia até ser preso e seus pais não poderiam mais ser margals. Os poderosos margals trabalhavam diretamente para a Tríade, assumindo casos complexos e arriscados e garantindo que as antigas e rígidas leis fossem respeitadas por seu povo.
A raiva havia o dominado e ele não mediu as consequências quando colocou seu plano em prática, mas quando parou para pensar percebeu que havia feito algo de muito errado, pois agora Elisabeth sabia que ele dividia o apartamento com um normal e talvez no dia seguinte todos da Academia Rhaverlly já saberiam disso e ririam dele pelas suas costas.
O filho de William e Tiago King morando com um normal, francamente. Tay sentiu suas entranhas se revirarem. Ele nunca pensou que chegaria a tal situação. Tudo bem que atualmente as pessoas do mundo Arcanos, até mesmo a Tríade, estavam mudando seus pensamentos sobre os normais, mas antigamente eles eram vistos como pessoas fracas e burras, incapazes de usar magia.
Apesar disso, naquela mesma noite, enquanto Tay tinha pesadelos, toda a arrogância e raiva saíram de seu rosto, sendo substituídas por uma expressão de sofrimento e dor.
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