Goof havia encontrado Cassandra quase morta, e levou-a até o apartamento 22, ambos cobertos de sangue, a cena ainda era bem vívida na mente de Phan. Goof sempre era cheio de sorrisos, piadinhas e brincadeiras, velo naquele dia, todo sujo de sangue, os olhos vidrados e com as mãos tremendo quando Tay tirou a garota dos seus braços, partiu o coração de Phan, e a situação do arcaniano de cabelos azuis havia deixado Tay preocupado por dias, pois Goof era um feérico (filho de magos com fadas) e como tal a sua magia era extremamente poderosa e instável, qualquer emoção forte demais poderia desencadear um acidente magico catastrófico.
Mas o rapaz procurou afastar as lembranças para longe, só assim ele percebeu que Tay estava olhando para ele, mas não havia nenhum sinal de humor ali, era como observar uma estátua de pedra, sem expressão ou sentimentos, apenas olhos brilhando como aço polido. Será que ele estava pensando no beijo? De repente ocorreu a Phan que talvez Tay fosse ficar com raiva dele, e se o arcaniano quisesse ir embora? Phan não gostou nem de imaginar a possibilidade.
— Acho bom ter oficiais protegendo Mew e Phan — Blay comentou. — Infelizmente não podemos fazer isso o dia todo, pois os treinamentos de serfeiros estão ficando mais rígidos a cada dia.
— Sim, e aposto que se a gente morresse eles ainda iriam querer nossos fantasmas no treinamento — Goof resmungou. — O instrutor Darkness está ficando muito exigente, o treino de hoje quase acabou comigo.
— E será ele que ficará responsável pelo treinamento de totens, então se acostume. — Tay se sentou direito na poltrona e respirou fundo.
— O que são totens? — Mew perguntou.
— São pedras mágicas dadas aos aprendizes no segundo ano de treinamento — Blay respondeu à pergunta. — Os totens serão nossos companheiros e guardiões para sempre, nos ajudarão em nosso trabalho diário. Apenas quem está treinando para se formar em uma das quatros profissões pilares recebe um totem.
— Isso mesmo, e cada profissão-pilar do mundo Arcanos tem um totem diferente — Ming explicou mais detalhadamente. — O totem dos serfeiros, ou seja, o nosso, é um tigre, dos magistrados é uma fênix, dos curandeiros uma tartaruga e dos guardiões um dragão. Eu gostaria muito de ter ficado com o dragão…
— Não fale bobagem — Blay repreendeu o amigo —, devemos ser muito felizes com nossos totens.
— É, tem isso — Ming torceu a trança entre os dedos compridos. — Mas ainda acho os dragões muito bonitos.
— Você tem Anfisbena, não é? — Goof indagou.
— Sim, mas ela está protegida no reino do meu pai, não consigo vela todos os dias. E ela não é um dragão.
— Espere aí, você vai ganhar um tigre? — Phan indagou levantando as sobrancelhas para Tay, o arcaniano assentiu lentamente. — E você já pensou como um tigre vai caber… aqui? — Phan fez um gesto amplo indicando o apartamento.
Tay deu de ombros. Phan abriu a boca para dizer algo, talvez destacar seu medo de tigres e que talvez o animal fosse ficar sufocado dentro de um apartamento, mas decidiu que com Tay não adiantava pressionar quando ele não queria falar sobre isso. Phan anotou mentalmente para encontrar uma ocasião para tocar no assunto.
— Voltando ao assunto mais importante do momento. — Tay fez um meneio com a mão — Phan e Mew devem ter muito cuidado, mesmo sendo guardados por margals.
— Mas eles não serão guardados só pelos margals, os Herdeiros Sombrios também vão ajudar a ficar de olhos neles o máximo que puder. — Ming prometeu e Blay e Goof concordaram veemente.
Phan ficou agradecido e apreensivo ao mesmo tempo, pois não queria que os meninos corressem perigo tentando proteger Mew e ele do vampiro louco.
Degustação – Laços de Magia, capítulo dois livro do autor Cearense, David Franklin, que está sendo publicado pela editora blb.
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