O menino já estava com os olhos pesados e indicando o coração pelo fígado quando ouviu uma batida leve na porta. Ele piscou confuso e sentiu a cabeça pesada, outra batida o fez engolir em seco e mandar que abrisse a porta. Tay colocou a cabeça para dentro do quarto.
— Posso falar com você?
— Claro. — Phan não estava preparado para a visão de Tay só de bermuda preta, os cabelos soltos e bagunçados, Phan sentiu os dedos coçando de vontade de tocar os fios pretos, então descer pela pele tatuada. Ele balançou a cabeça negativamente. — O que aconteceu?
Tay se encostou na parede ao lado da cama e cruzou os braços, seus músculos pareciam maiores assim, o que não ajudou nem um pouco na concentração de Phan. Tay não era como esses homens extremamente musculosos, ele era magro e seus músculos se estendia pelos braços e abdômen perfeitamente.
— Hoje meus pais e dois margals foram na Academia me ver — Tay contou olhando para ele, como se estivesse esperando alguma reação. — E me contaram que Stephan fugiu.
A expressão de Phan, era como se o peito estivesse sendo esmagado. Ele sentiu como se a cama, o quarto, o apartamento e o mundo estivessem desabando em torno dele, sobrando apenas a imagem nítida do olhar feroz de Stephan, da raiva em sua voz… Não, aquele pesadelo não podia estar voltando.
— Mas ele foi condenado… ele… — Phan não sabia nem o que falar, os pensamentos girando em um turbilhão confuso.
— Ele fugiu, aparentemente teve ajuda para isso, pois os margals não se lembram de muita coisa. Ele está lá fora novamente, e ninguém sabe quais são seus planos, por isso margals serão enviados para tomar conta de você e Mew. — Eu mesmo gostaria de fazer isso, mas não posso ficar com você 24 horas, infelizmente, Tay complementa sua resposta e desejo.
Phan assentiu lentamente, ele olhou para a janela, a noite agora parecia mais escura do que o normal, sentiu vontade de correr até a janela e fechar as cortinas. Mas ele estava mais preocupado com Tay, encarou o menino, os olhos prateados pareciam duas moedas frias, sem animo algum. Phan esticou a mão e tocou os dedos quentes do arcaniano.
— Eles vão encontrá-lo logo, não se preocupe. — Ele não sentia muita convicção nisso, mas tentou demonstrar o máximo de força que conseguia.
— Minha preocupação é com você. — Tay informou se sentando na ponta da cama, suas mãos estavam entrelaçadas agora, e estavam tão próximos que Phan podia sentir o calor emanando do corpo do arcaniano. — Tem grandes chances de ele ter atacado Cassandra, o que significa que ele pode vir atrás de você também.
— Com margals de olho em mim? Acho que não. — Phan sentiu uma coragem anormal e com a mão livre tocou o rosto de Tay, já foi um ponto positivo ele não afastar seu toque. — Quero que prometa que não vai atrás dele como da última vez, por favor. — Tay suspirou pesadamente e colocou sua mão sobre a de Phan em seu rosto. — Não vou hesitar em tentar salvar você novamente, não importa se eu…— um nó subiu pela sua garganta.
— Eu vou ficar bem. — Tay garantiu puxando sua mão e beijando as costas da mesma. — Vamos todos ficar bem, prometo.
O beijo causou ondas elétricas no corpo de Phan, ele sentiu um calor esquisito subindo da região do baixo ventre e deixando sua visão um pouco embaçada e seu coração acelerado. Tay o estava puxando lentamente para mais perto e mais perto, até que Phan só conseguia ver seus olhos brilhantes.
— Eu quero muito fazer isso. — Tay sussurrou.
— Então… Então faça. — Phan respondeu, de alguma forma sobrenatural sabia o que o outro estava falando, e sentiu que o coração iria sair pela boca.
Ele fechou os olhos quando sentiu o hálito de Tay em seu rosto, e então os lábios se tocaram suavemente, mas foi o bastante para Phan sentir que iria explodir de felicidade, ele sentiu uma fisgada no peito. Os lábios se pressionaram com mais força. A mente de Phan não conseguia parar de destacar o momento como um letreiro neon; era seu primeiro beijo, e era com Tay King!
Tay estava abrindo os lábios para aprofundar o beijo quando o som de batidas frenéticas na porta fez Tay se afastar de Phan com um salto digno de um felino. Em poucos segundos o arcaniano já estava em pé novamente. Phan sentia que algo muito importante havia sido arrancado dele e não conseguia dizer nada, o rosto estava quente, o coração parecia ter crescido o dobro do tamanho e estava pronto para sair pelo peito. Ele estava esperando por isso há algum tempo, desde que descobriu o que sentia pelo arcaniano.
Tay entrou em sua vida há sete meses, e quando ele descobriu o motivo do arcaniano odiar os normais se sentiu mais próximo do mesmo e com isso veio a paixão, desde então vinha desejando esse momento secretamente. Phan estava frustrado.
As batidas continuaram, Tay soltou uma sucessão de palavrões indignados e Phan o viu marchando porta afora, as mãos fechadas em punhos nas laterais do corpo soltando faíscas vermelhas. Aquilo não era nada bom.
Phan se desvencilhou dos papéis a sua volta e correu atrás do arcaniano. Tay ergueu a mão e fez um gesto de puxar algo invisível, a porta se abriu com tanta força que bateu na parede e voltou. Goof, Ming, Blay e Mew colocaram as cabeças para dentro do apartamento e olharam à sua volta.
— O que querem? — Tay indagou friamente.
— Queremos conversar… em paz, claro — Goof destacou com um sorriso trêmulo. — O que você tem?
— Entre logo! — Tay resmungou se jogando em uma poltrona, então fechou os olhos, sua respiração estava acelerada.
Phan tentou parecer o mais normal possível, mas sua mente estava prestes a entrar em colapso. Ele havia beijado Tay a poucos segundos, bem aquilo contava como beijo, certo? Os lábios haviam se tocado…
— Phan, tudo bem? — Demorou um pouco para Phan perceber que Mew estava diante dele e falando algo. — Phan?
Phan piscou várias vezes confuso e abriu um sorriso leve.
— Desculpe, o que disse?
— Você está bem? Está muito vermelho, estava brigando com Tay novamente? — Phan só conseguiu balançar a cabeça negativamente e forçar um sorriso, era como se todo o controle do seu corpo estivesse nas mãos de outra pessoa. — Blay me contou sobre Stephan, como você está com essa notícia?
— Bem… Quero dizer, vão pegá-lo logo, não é? Agora que a Tríade sabe quem ele é.
— Stephan é esperto, na última vez ninguém desconfiou que o ifrit tinha ajuda. — Tay abriu os olhos e esticou as pernas sobre as de Goof que estava sentado no braço da poltrona. — Espero que os margals levem isso em consideração.
— Eles estão sendo bem cuidadosos. — Blay comentou enquanto se recostava no braço do sofá —, fugir da Screamort não é coisa fácil, acho que não chegam nem até 5 os casos de fuga do lugar.
— E metade disso os margals encontraram os corpos em torno da prisão. — Ming destacou enquanto mexia distraidamente na ponta da trança. — A Screamort não é um lugar fácil, sabem? Ela foi construída em um terreno bem perigoso e que está repleto de curupiras.
— De quê? — Phan indagou confuso.
— São espíritos de fogo, protegem as florestas, você os encontra mais na Amazonia, pois eles ajudam a proteger nossa cidade sagrada de Akakor, que antes que você pergunte, é o local onde fica o maior templo dedicado aos deuses arcanianos, os curupiras estão por toda parte porque a Screamort fica perto de uma floresta antiga não tocada por normais — Ming explicou —, alguns moram na corte do meu pai, mas me dão medo, entendem? Eles são cheios de magia antiga do fogo, sabem fazer coisas que nem os magos mais habilidosos sonham em fazer.
Phan sentiu um arrepio esquisito subindo pelas costas. Como Stephan havia conseguido fugir de um lugar desses? Ele ficou pensando nas possibilidades, mas como não conhecia o suficiente de magia ele não conseguia ir muito longe.
— E como ficará a sua segurança agora? — Goof perguntou a Tay.
— Meus pais queriam enviar margals para mim e Phan, mas disse que eu não precisava de um, então um será enviado para Phan e outro para Mew. Se foi mesmo Stephan quem atacou Cassandra, ele pode tentar atacar os dois.
— Mas como Stephan saberia quem Cassandra era? — Mew indagou enquanto seguia até Blay e apoiava um braço em seu ombro, o vampiro passou um braço pelas suas costas, Phan parecia ter sido o único na sala a perceber o gesto.
— Ele podia estar nos vigiando o tempo todo — Goof deduziu pensativo. — O ifrit encontrou Phan uma vez, e Tay também foi localizado na Academia. Se a coisa sabia onde eles estavam, então deve ter informado a Stephan sobre os amigos de Tay e quando ele fugiu aproveitou a oportunidade para se vingar. Ele começou com Cassandra, que estava sozinha, na rua… — O feérico engoliu em seco.
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