A sala era circular com piso de cerâmica preta e translucida, no teto havia grandes vigas de madeira o sustentando e janelas que iam de cima a baixo com vidros transparentes que tinham como vista o Bund, naquela hora bem caótico por causa do horário de almoço, com carros mundanos indo e vindo pela ponte Wàibáidù Qiáo, uma construção de ferro azul que passava por cima do rio Suzhou. Havia bancos estofados de veludo vermelho nos cantos da sala. Assim que o último aprendiz passou pela porta e a instrutora a fechou a sala mergulhou em silencio.
— Sentem-se, por favor. — Todos pegaram os bancos e formaram um meio-círculo diante da instrutora, os Herdeiros optaram por sentar mais no fundo, longe dos outros aprendizes. — Bem, hoje vamos falar sobre a nossa magia. — Ela começou a falar enquanto caminhava de um lado para o outro, as mãos unidas nas costas.
— A magia arcaniana é natural e obediente a nossos comandos, ela vem de um núcleo magico no centro do nosso peito e não tem uma forma fixa, podendo assumir a aparência que desejarmos, ela também não responde normalmente a nomes de comando, como a magia que vemos nos filmes normais, não mesmo. — Uma onda de risadinhas debochadas varreu a sala momentaneamente. — A nossa magia faz tudo o que mandamos ela fazer, é como o ato de andar, você quer andar, então o cérebro envia esse comando para seu corpo e ele começa a andar, assim é como a magia.
“Claro que, existe um nível mais elevado de magia, chamado de configurações magicas, e elas são basicamente um conjunto de comandos mágicos unidos em um único propósito, gerando um efeito, como campos de proteção em torno de locais arcanianos, escondendo-os dos normais ou de potenciais perigos mortais. Mas falaremos isso depois, agora eu quero que cada um de vocês venha aqui na frente e demonstre para toda a sala a forma de magia que você mais se sente bem em produzir.”
Essa ideia não pareceu agradar muito a turma que ficou calada, ninguém se oferecendo para se exibir diante da turma.
— Tudo bem, vou chamar os nomes então. — A instrutora foi para o canto da sala e se recostou na parede. — Carla Lima.
Uma fada de cabelos azuis se levantou no meio do grupo de aprendizes e caminhou lentamente até onde a instrutora estivera a poucos segundos. Carla se voltou para a turma e levantou a mão até a altura do peito, os seus olhos de fendas douradas fitaram os dedos como se os estivesse vendo pela primeira vez. Ela estava nervosa, Tay percebeu, devia estar fingindo que não havia vários pares de olhos a encarando.
Seus dedos giraram levemente e então borboletas douradas saltaram de sua palma e bateram asas em torno de sua cabeça. Os aprendizes aplaudiram, o que pareceu dar mais confiança a fada, pois ela produziu mais borboletas douradas.
— Chega, pode se sentar. Próximo, Brandon Linch. — Um feiticeiro de chifres cônicos se levantou.
— Então, o que foi fazer na sala da reitora? — Ming indagou a Tay enquanto os aprendizes admiravam o redemoinho de poeira preta produzida por Brandon.
— Havia dois margals e também meus pais. — Tay começou a contar, os amigos em breve saberiam de qualquer forma, mas ainda assim era difícil pronunciar as palavras, como se revelar aquilo fosse tornar a situação mais real ainda.
— Ming Sarraw!
— Pelos bons deuses da floresta… — Ming soltou um palavrão baixinho logo após isso, mas se levantou. — Conte rápido.
— Não posso, estão olhando. — Tay respondeu tentando não mover muito a boca.
— Vamos logo Sr. Sarraw! — A instrutora exclamou irritada.
Ming assentiu e enquanto se afastava girou os dedos lentamente, Tay sentiu uma brisa em torno da sua cabeça e pelo balançar dos cabelos de Ming e Blay eles também sentiram, aquilo significava que o elfo havia lançado uma magia em torno deles para conseguir ouvir lá da frente o que quer que Tay falasse, assim ninguém escutaria. Eles faziam isso normalmente durante os treinamentos chatos, pois podiam conversar sem mover muito os lábios e somente eles quatro ouviam.
— Podem falar. — Ming falou antes de se virar para a turma, sua voz extremamente próxima do ouvido de Tay.
Lá na frente o elfo abriu os braços levemente, as palmas das mãos apontadas para cima. Raízes espinhos com flores roxas começaram a brotar de sua mão, a turma aplaudiu com animação.
Tay suspirou antes de criar coragem para fazer a revelação:
— Stephan fugiu, ele não está morto.
— Mas que… — Os três olharam para frente, Ming havia ficado tão surpreso que suas raízes se descontrolaram momentaneamente, mas foi o bastante para uma atravessar o vidro de uma janela. A raiz da outra mão derrubou Brandon Linch, que estava sentado na frente, de seu banco e o menino caiu de bunda no chão.
— Controle-se Sarraw! — A instrutor gritou.
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