Degustação Laços de Magia – Cap 02

Degustação Laços de Magia

Capítulo 2 

​​Um Grande Passo​ 

Tay estava tão perdido em pensamentos que demorou alguns minutos para perceber que estava fitando os beirais mísulas em forma de dragões serpentinos que sustentavam o telhado da Rhaverlly com suas costas. Estava deitado no gramado no Pátio do Dragão, com a Rhaverlly se erguendo a sua volta, capturando o sol e o vento frio de outono.

Os Herdeiros Sombrios, assim como os outros aprendizes de sua turma, estavam aproveitando o tempo livre para descansar, pois o Instrutor Darkness havia sido bem exigente no treinamento anterior, alguns aprendizes até haviam sido encaminhados ao andar hospitalar. 

A revelação sobre a fuga de Stephan não deixava a mente de Tay, pesando sobre seus ombros. O vampiro era movido por um proposito letal de vingança, e o feiticeiro não conseguia parar de se preocupar com Phan. Stephan sabia sobre a existência de Phan, e se ele quisesse se vingar de Tay através do normal? Se havia sido ele quem atacou Cassandra, então poderia fazer o mesmo com Phan.  

— Eu já falei que estou bem. — Goof estalou a língua e Tay se sentou para prestar atenção na conversa dos amigos. 

— Não acho que esteja bem, e você ainda não nos disse quem era o cara. — Ming insistiu. 

— Que cara? — Tay indagou olhando para os amigos e então ergueu a cabeça para sorrir para um grupinho que vinha passando e cochichando enquanto olhavam descaradamente para ele, com seu sorriso eles aceleram os passos, as vozes parecendo zumbindo de abelhas enquanto falavam rápido entre si. 

— Gorlon Way falou no vestiário que viu Goof ontem a noite no Porão do Rato conversando com um cara e que Goof saiu parecendo chateado com algo. — Blay respondeu, sentado em posição de lotus e com um livro aberto entre as pernas, mechas de cabelo cobriam seu rosto, a cabeça curvada em direção ao livro. — E o feérico malcriado não quer nos dizer quem é o cara. 

— Não sou malcriado. — Goof resmungou, os cabelos azuis estavam um pouco bagunçados, Tay esticou a mão para arruma-los.  

Por ser um feérico e ter sua magia tão instável, Tay não parava de se preocupar com Goof, e de tentar protege-lo do mundo magico que ainda tinha preconceito com feéricos, muitos sequer conseguiam trabalhos decentes. Tay sabia que o amigo tinha sua própria vida, mas ele não podia deixar se perguntar quem era a pessoa que o chateou. 

— Quem é o esquisito que te deixou chateado? — Tay indagou com firmeza. — Sabe que vou convence-lo a falar em algum momento, melhor que seja agora.  

— Ninguém importante, ele apenas disse que conhecia meus antepassados e que se eu precisasse poderia falar com ele, só isso. 

— Quem é ele e por que você parecia chateado? — Ming, que estava diante do amigo, pois eles formavam um círculo se curvou para frente com as sobrancelhas erguidas. 

— Ele não me deixou chateado, isso é fofoca do Gorlon. Precisam acreditar em mim! 

— Acreditamos em você. — Blay informou em tom definitivo. — Mas se precisar… 

— Todos vocês, para a sala de Encantos e Desencantos agora! — Gritou a instrutora Verbena Sttoker de uma das portas de acesso a Academia. Sua pele escamosa de sereiana cintilou em tons de azul e verde-água com o toque dos raios solares, seus cabelos vermelhos estavam presos em um coque no alto da cabeça. 

A turma se levantou da grama e dos bancos de madeira branca e seguiram a instrutora para dentro da Academia.  

— Não pense que essa conversa acabou. — Ming sussurrou para Goof que fingiu não ouvir as palavras do amigo, caminhando com as mãos dentro dos bolsos da calça. 

A turma caminhou em silencio, em direção ao terceiro andar da Academia, para a sala da instrutora que ficava dentro de uma das torres pagodas que se erguiam em torno da Academia. Tay voltou a pensar no perigo que estava solto lá fora novamente e sentiu vontade de sair dali correndo e ir até a universidade verificar se Phan estava bem, quem sabe leva-lo de volta para o apartamento e tranca-lo lá até que Stephan estivesse morto?  

Perdido em seus pensamentos ele tropeçou em um degrau, mas antes que pudesse cair de joelhos foi segurado pelo braço esquerdo por Blay que estava ao seu lado, a mão direita espalmou a parede lisa para se aprumar. 

— Você está preocupado com alguma coisa. — Blay falou de forma afirmativa enquanto subiam a escadaria em caracol que levava a sala da Sra. Sttoker. — Não nos disse o que foi fazer na sala da reitora.  

— Aqui não, tem muita gente ouvindo. — Tay sibilou e olhou para trás. Ming e Goof vinha a seguir, mas logo atrás um grupinho estava prestando atenção neles.  

— O que foi? — Goof indagou curioso. 

— Aqui não. — Tay sibilou. 

— O que estão falando aí atrás? — Gritou a instrutora lá do alto da escada, onde mantinha uma porta aberta. — King? 

— Não fiz nada. — Tay ergueu as mãos em sinal de rendição enquanto passava pela instrutora e pela porta vermelha. 

Páginas: 1 2 3 4 5