Se o vampiro havia fugido, claro que ele iria querer vingança, Tay se lembrava claramente dos olhos cheios de ódio de Stephan, e ele provavelmente não pararia até ver Tay morto, mas se ele estava fugindo, por que se vingar lentamente? Mas como diabos ele sabia que Cassandra era uma conhecida? Não, talvez tenha sido somente uma coincidência, a pobre garota só estava no lugar errado e na hora errada.
— Acreditamos que sim. — Tiago respondeu —, mas não temos provas concretas ainda, pois Cassandra está fraca demais para que sua mente seja vasculhada, ela precisa de mais dias.
Arnuch revirou os olhos. Tay sentiu vontade de socá-lo. A Tríade não era tão paciente, e quando algo ameaçava a paz do povo mágico, eles queriam que o problema fosse resolvido logo, mas quando se virava vampiro, precisava passar por um processo lento e doloroso, segundo Blay que havia informado há dois dias para um Phan cheio de ansiedade. Os margals com certeza não estavam com paciência de esperar.
— Eu já falei tudo o que tinha para falar no tribunal — Tay informou secamente. — O que mais vocês querem de mim?
— Tay, cuidado. — Will sussurrou para o filho — eles só querem ajudar.
— Isso mesmo. — Tiago pousou a mão no braço do filho e deu um de seus sorrisos calorosos que fazia Tay se sentir em casa — infelizmente é um processo padrão quando um caso é reaberto, precisamos recolher todos os depoimentos novamente para termos pistas para encontrar o fugitivo.
— Já verificaram o hospital abandonado? — Tay perguntou se escorando no encosto do sofá, que era macio o bastante para ele sentir vontade de dormir, principalmente após um treino tão exaustivo.
— Sim, mas o hospital foi lacrado com magia após o tribunal — Charles respondeu cruzando as pernas compridas e passando um dedo indicador pelo queixo de forma pensativa. — Queremos saber onde mais ele poderia ter se escondido, antes ele esteve aqui em Xangai sem ninguém saber.
— Estive no hospital 3 vezes e nunca o vi por lá, apenas o ifrit — Tay relatou. — Só fiquei sabendo da existência dele no último encontro, duvido que ele seja burro o bastante para voltar à Xangai.
O último encontro deles que quase matou Tay, fez o menino presenciar um cenário sangrento e ser envolvido em ondas podres e quentes de magia das sombras. Para o arcaniano foi como ter uma prévia do inferno.
— O ifrit tinha o trabalho ativo — William assentiu lentamente — mas dessa vez Stephan está sozinho, se ele agir com certeza conseguiremos rastrear ele.
— Mas enquanto ele estiver à solta, precisamos garantir a sua segurança e a de Phan. — Tiago falou lentamente, como se estivesse escolhendo as palavras certas, Tay olhou desconfiado para o pai. — Por isso a Tríade vai designar dois margals para fazer a proteção diária de vocês.
— Quê? Não preciso de proteção. — Tay franziu a testa. — Não sou fraco, pai, posso me cuidar.
— Filho, Stephan é perigoso. — Will suspirou, como se tivesse cansado —, vamos ficar mais tranquilos sabendo que você e Phan estão sendo protegidos por oficiais.
— Não preciso de proteção, mas Phan sim, ele não sabe se defender de forma alguma.
Só de pensar que Stephan poderia chegar perto de Phan novamente deixava Tay com enjoo e vontade de encontrar o vampiro para matá-lo antes.
— Tudo bem, enviaremos alguém para proteger Phan. — Arnuch prometeu. — Mas se precisar de reforços, pode nos chamar, basta exigir que sua magia nos encontre, entendeu? — Tay assentiu — ótimo, creio que seja somente isso. — Charles confirmou. — Obrigado pelo seu tempo jovem King.
Tay assentiu e se levantou do sofá, ele só queria sair dali e correr para a faculdade de Phan, só para garantir que ele estava bem. Mas antes que pudesse sair, William e Tiago se levantaram e o seguraram pelos ombros.
— Queremos falar com você em particular. — Will falou.
— Tudo bem, vamos deixá-los a sós. — A reitora se levantou de sua cadeira. — Senhores, gostariam de aproveitar o tempo para conhecer o nosso templo dedicado aos Deuses? — Arteola apontou para a saída, os dois margals se entreolharam e deram de ombros e seguiram a reitora porta a fora.
Quando os King estavam sozinhos no escritório, Tay se virou para os pais. Will estava sentado no braço do sofá e estava de braços cruzados, o chapéu em sua cabeça estava mais para trás, mostrando mechas de cabelo escuro.
— Querido, volte para casa conosco. — Tiago falou enquanto dava um abraço apertado no filho. — Vamos ficar mais tranquilos com você em nossa casa.
— Não posso fazer isso, tem o… — Tay parou de falar, pois ele não sabia se devia falar o que estava pensando, que ele não podia ir embora e deixar Phan, que ele simplesmente não conseguiria ficar longe do normal, mas ele não conseguia, no entanto, seus pais pareciam ter entendido muito bem, pois se entreolharam rapidamente.
— Filho, estamos mesmo preocupados com a situação atual. Stephan teve ajuda de alguma coisa muito poderosa para fugir. — Will falou enquanto franzia a testa, Tay percebeu naquele momento que Will tinha o mesmo costume que ele quando estava pensando em algo importante.
— Não é nada confirmado, e os líderes não queriam que falasse isso para você, mas achamos que é importante que saiba, pois deve entender o que está lá fora. — Tiago estava muito apreensivo, Tay sentiu um nó nas vísceras. — Tem uma grande chance de Stephan ter tido ajuda de um novo ifrit.
As imagens da criatura medonha com garras sujas de sangue vieram à mente de Tay, o menino sentiu um arrepio esquisito pelo corpo. De repente era como se o pesadelo nunca tivesse acabado, como se os últimos dias não passassem de um sonho.
— Mas dessa vez é diferente. — Will se levantou e passou um braço pela cintura de Tiago, o chapéu de Tiago estava um pouco torto para o lado e Will o ajeitou com um olhar de carinho, Tay pensou rapidamente em como deveria ser bom demonstrar os sentimentos por quem amava, o rosto de Phan veio em sua mente —, sabemos que tipo de ajuda Stephan pode estar tendo, e sabemos quem ele é, será um pouco mais fácil, mas até lá sugiro que Phan, você e seus amigos tomem muito cuidado.
— Phan tem um amigo normal, acho que ele vai precisar de proteção também. — Tay ressaltou, pois sabia que Blay ficaria muito preocupado com o normal quando soubesse que Stephan poderia estar por trás do ataque à Cassandra, sendo proposital ou não.
— Certo, vou abrir uma solicitação de proteção para ele também. — Tiago prometeu. — E querido; se precisar da gente, pode chamar a qualquer momento, entendeu? Estaremos na Casa de Xangai por um tempo.
— Tudo bem. — Tay assentiu lentamente.
— Bem, imagino que o treino esteja ficando pesado agora. — Will abriu um sorriso, mudando de assunto rapidamente como se tivesse disposto a animar o filho — gostaria de ver o arsenal da Academia novamente, por que não me leva até lá?
— Ah, sim! Eles têm de tudo! — Tay abriu um sorriso, o peito ficando mais quente enquanto seguia os pais para fora do escritório. Os pais sempre exercem essa força positiva sobre ele, sendo capazes de deixá-lo mais tranquilo só de estarem presentes.
— No meu tempo de treinamento eu aprontava muito naquele arsenal. — Will fingiu sussurrar.
— Ah, é mesmo? O que você fazia em? — Tiago indagou erguendo as sobrancelhas.
— Coisas bobas de jovens, querido. — Will fingiu estar com medo e Tay riu. — Mas sério, espero que saiba que esse é um grande momento da sua vida e que vai sentir falta. Vamos pessoal, vou mostrar a vocês como fiquei conhecido como o Terror das Bestas.
Tiago apenas ria e balançava a cabeça negativamente. Geralmente Will e Tay é que conversavam sobre armas, Tiago não gostava muito das armas, preferia usar magia, mas por algum motivo ele também não usava muito, assim como Will, apesar de ambos nunca terem dito à Tay o motivo para isso o menino achava que eles contariam a ele se fosse necessário saber, por isso nunca perguntou.
Degustação – Laços de Magia, capítulo dois livro do autor Cearense, David Franklin, que está sendo publicado pela editora blb.
Leia o capítulo Dois da Degustação – Laços de Magia Aqui
-
Produto em promoçãoLaços de Magia – David FranklinOriginal price was: R$ 47,99.R$ 42,99Current price is: R$ 42,99.
Sem comentários! Seja o primeiro.