— Nong Tawan, você está solteiro? — Meu querido sênior me perguntou quando estávamos no meio de uma refeição.
Depois de três meses de residência comecei a me acostumar com o emprego e o hospital, incluindo a árdua escalação de trabalho e estudos e, ao mesmo tempo, o aumento do meu nível de intimidade com ele. Nós jantávamos juntos sempre que podíamos. Por causa das nossas agendas sempre lotadas, por eu ser um médico da casa e ele um dentista palestrante, era quase impossível termos tempo para almoçarmos juntos.
A única chance para isso era depois das seis da tarde, quando o horário de atendimento da clínica odontológica acabava e eu terminava de passar meu plantão para a próxima pessoa. Nos dias em que eu terminava meu trabalho na hora e ele não precisava ficar na clínica depois do horário de atendimento nós jantávamos juntos, caso contrário eu esperava por Nádia.
Na verdade eu tinha um jantar marcado com Nádia, porque Por havia sido escalado para ficar na clínica depois do horário de atendimento. Acontece que às seis da tarde ele apareceu na frente da minha ala para me pegar, dizendo que tinha trocado sua escala com alguém, pois queria jantar comigo, então liguei para Nádia, remarquei nosso compromisso para a próxima oportunidade e desci para ter um jantar simples na cafeteria do hospital.
— Por que a pergunta?
Ele sabia que eu não estava namorando, mesmo assim fez aquela pergunta, então decidi apenas seguir o fluxo. Meu movimento para testar a água dessa vez seria fazer outra pergunta. Você deve achar que isso é velho e chato, mas acredite em mim, é como um jogo de gato e rato. Eu não consigo explicar o porquê, mas sinto que isso faz parte de flertar e receber um flerte.
— Bem, porque eu fiquei curioso sobre isso.
— Mas e você? Está namorando?
— Terminei com meu namorado faz um tempo.
Eu também já sabia que ele tinha terminado com o namorado. O status de relacionamento dele em sua rede social estava como solteiro. Antes estava “em um relacionamento com alguém”. Eu não tinha dado muita importância para aquilo, não me levem a mal, não sou um stalker. Eu só o admiro, então checar suas redes sociais é algo natural… Não é?
— Isso é perfeito. Eu estou solteiro e você também — ele disse e sorriu, sem mais comentários.
— Por que isso é perfeito? — perguntei como se não soubesse de nada.
Você sabe qual é o melhor momento em um relacionamento?
Eu te digo, é quando os dois conversam e flertam, cada parte sabendo que ambos sentem atração um pelo outro, mas ainda não chegaram ao ponto de pedir por um encontro. Não, não tente discutir comigo. Apenas pare e olhe para suas experiências passadas. Pense com cuidado, você vai perceber que o que eu disse é verdade.
Nessa altura, Por e eu estávamos nesse momento do relacionamento.
— Você ter terminado com o seu namorado devia ser contado como algo ruim, eu acho. E eu ser solteiro e não ter ninguém dando em cima de mim, combinando com a sua situação, parece ser uma coisa ainda mais infeliz.
Bah… preciso admitir que coloquei sal na feria de propósito e ainda acrescentei uma pitada de provocação só para extrair a declaração crucial dele.
— Bem… — Ele parou e, ao invés de continuar falando, estendeu a mão para pegar um envelope marrom similar àqueles que usamos para documentos oficiais e o entregou para mim. — Aqui, quero que você fique com esse envelope, Tawan.
— O que é isso? — Peguei o envelope e comecei a abri-lo.
— Não abra ainda, deixe eu explicar primeiro. — Por se aproximou e colocou a mão sobre a minha.
— Eu coloquei nove cartas dentro desse envelope, cada uma tem um número. Quero que você abra e leia uma carta por dia. Você não deve abrir mais de uma por dia. Não se esqueça: uma carta por dia.
Espiei dentro do envelope marrom. Dentro havia mesmo nove envelopes brancos, cada um com um número no topo. Olhei para cima e encontrei os olhos dele.
— Durante os próximos nove dias não vamos nos ver. Quero que você tenha tempo para ler e pensar sobre isso com cuidado. Então, na manhã do décimo dia, quando todas as cartas estiverem lidas, irei ao seu encontro.
Na verdade, eu realmente queria deixar escapar que não precisávamos desses nove envelopes, nem esperar até a manhã do décimo dia. Eu meio que sabia o que o meu bonitão tinha a dizer, e minha resposta era sim. Nós não tínhamos que esperar os nove dias. Se nós dois tínhamos sentimentos um pelo outro, esses nove ou dez dias extras não eram necessários.
Mas, cara… se essa era a intenção dele, seu jeito de me pedir em namoro e se fosse para eu ser seu namorado, ser parte de sua vida, então eu teria que cooperar e fazer do jeito que ele pediu. Além do mais, era bem romântico abrir uma carta por dia.
Depois de chegar a essa conclusão, sorri e assenti para ele.
— Eu preciso ir. Abra o primeiro envelope depois que eu sair. Vejo você no décimo dia!
Então ele levantou e deixou a mesa. Esperei até ele sair pela porta da cafeteria para abrir o envelope e ler a carta.
“Eu gosto de você, Tawan. E fiquei muito feliz por termos nos encontrado de novo.”
Se eu não estivesse no meio da cafeteria, teria me levantado e dançado por todos os cantos. Por sorte, minha mente ainda continha sanidade e meu corpo estava totalmente cansado por ter trabalhado o dia todo.
Virei o papel ao contrário e não encontrei mais nada. — São só duas frases para o primeiro dia, uh? — murmurei para mim mesmo antes de guardar a carta em seu envelope e retorná-la ao envelope marrom. Uma parte de mim queria abrir todas as nove cartas de uma única vez… mas eu já tinha dado minha palavra a ele.
Tudo bem, que assim seja.
Eu já tinha esperado por ele todos esses anos.
Só mais alguns dias não era nada, né?
Dez dias significam um terço de um mês.
Que significam duzentas e quarenta horas.
Que também significam quatorze mil e quatrocentos minutos.
E agora eu estou com preguiça de converter isso para segundos.
O que eu quero dizer é que era um tempo longo e curto ao mesmo tempo. De primeira, quando Por disse que não nos veríamos enquanto eu estivesse com as cartas para ler e que ele viria ao meu encontro na manhã do décimo dia, imaginei que seriam os dez dias mais longos da minha vida, porque eu precisava que esperar.
Você já deve ter ouvido o que dizem por aí, que quando estamos esperando o tempo parece passar mais devagar. E foi isso que eu pensei que aconteceria, que esses dez dias seriam uma tortura terrível!
Nós costumávamos nos encontrar quase todos os dias e conversar todas as noites, mas, por causa das regras que ele determinou para o período de leitura das cartas, não podíamos nos ver, trocar mensagens ou conversar até o décimo dia.
A verdade é que, apesar disso, tudo passou bem rápido.
O tempo voou e de repente já era o décimo dia.
Sentei-me no balcão da ala feminina da clínica geral e peguei todas as nove cartas para reler na ordem em que ele especificou.
Primeiro dia.
“Eu gosto de você, Tawan. E fiquei muito feliz por termos nos encontrado de novo.”
Segundo dia.
“De volta ao passado, talvez porque nós só nos encontrávamos durante os eventos esportivos, eu te via apenas como um estudante júnior adorável.”
Terceiro dia.
“Então perdi uma ótima oportunidade. ☹ O erro foi meu.”
Quarto dia.
“Felizmente nós nos encontramos novamente na hora certa. 😊 Nós dois estamos solteiros e desimpedidos.”
Quinto dia.
“Sabia que nos últimos três meses você tem feito os meus dias melhores? 😄”
Sexto dia.
“Você me fez tão feliz que levou embora toda a tristeza que eu costumava sentir. Muito obrigado por voltar para a minha vida.”
Sétimo dia.
“Dizem que uma coisa boa raramente acontece em nossas vidas, então, quando acontece, temos que correr e agarrar antes que escape entre nossos dedos.”
Oitavo dia.
“Eu concordo totalmente com isso, e não vou deixar a coisa boa escapar pelos meus dedos de novo.”
Nono dia.
“Tawan, você sabe. Você sabe o que vou te dizer amanhã, certo?”
E então… o décimo dia chegou.
— Bom dia, Tawan.
Ergui os olhos da pilha de cartas. Ele entrou pela porta da enfermaria e veio diretamente na minha direção. Talvez seja só minha imaginação, mas hoje ele parece estar mais bonito que em qualquer outro dia. Ou será que por não nos vemos há muitos dias e eu estar com saudades dele e feliz por finalmente o encontrar de novo ele parecesse ainda mais gato aos meus olhos?
— Hoje é a manhã do décimo dia, Tawan.
Não respondo P’Por com palavras, apenas sorrio e concordo. Sinto algo em sua voz que me faz pensar que ele está tão tenso quanto eu.
— Bem… Tawan, você está livre?
É claro que estou livre. Hoje corri pela minha ala desde as cinco da manhã para terminar todas as rondas e deixar minha agenda livre só para ter tempo para o meu querido Por. Confirmo balançando a cabeça mais uma vez, notando o leve cheiro de seu perfume habitual, Davidoff Cool Water. Estou acostumado a esse aroma porque ele usa regularmente, mas não sei o motivo de hoje parecer especialmente agradável.
— Vamos tomar café, então. É por minha conta.
Concordo novamente antes de conduzi-lo para o saguão do elevador em frente à enfermaria, onde aperto o botão para descer.
— Então… Tawan, você sabe o que vou dizer hoje, certo?
Encaro seus olhos e ele se aproxima ainda mais de mim. Nossos narizes estavam quase se tocando quando ele fez essa pergunta. O cheiro de seu perfume se torna mais notável quando a lacuna entre nós se fecha. Mudo meu olhar para outro ponto qualquer, assentindo lentamente como resposta.
— Uh… Quero um copo de café primeiro. Estou… meio sonolento, haha.
Devo acrescentar que noite passada eu estava tão empolgado que não consegui dormir um segundo sequer. Fiquei olhando para o relógio toda hora, desejando que a manhã chegasse rapidamente para que eu pudesse encontrar meu querido Por. Acabei deixando o dormitório dos residentes antes das cinco da manhã, porque, já que eu não conseguia dormir de qualquer maneira, continuar na minha cama era perda de tempo. Preferi me levantar e fazer minhas rondas na ala.
Mas quando o sol começou a surgir minha falta de sono começou a mostrar seus efeitos.
— Um ice americano para mim. Grande, por favor.
Assim que entro na cafeteria, vou direto para o balcão do bar.
— Café au lait, por favor.
Mesmo tendo ouvido isso várias vezes antes, eu ainda tento me acostumar à forma como Por pede seu latte. Ele chama de Café au lait porque é um hábito antigo de quando ele estudou fora. Ele sempre diz que a cafeína tem um efeito diurético que causa perda de cálcio no corpo, então nós devemos tomar um pouco de leite junto para contrabalancear essa perda.
Assim que pegamos nosso café, procuramos pelos assentos do canto. Ainda é cedo, então tem poucos clientes. A cafeteria tem um ambiente calmo e os únicos sons que se ouve são do vapor da máquina de café e da leve trilha sonora de fundo. O aroma forte da cafeína toma conta de todo o ambiente.
— Tawan, você sabe o que vou perguntar?
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